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No citado artigo diz D. Carolina Michaëlis: «que Martim Codax, muito poético, mas pouco correcto, se afasta das regras consagradas em mais de um ponto... que, quanto ao scenário, substituíu..., como confidentes naturais das namoradinhas, as flores e as árvores floridas (pinheiro, aveleira e milgranada) pelas ondas do mar e pela linda ria de Vigo... quanto às formas... nem de longe emprega sempre rimas sinónimas, nem mesmo palavras objectivas, lexicográficas. Bastas vezes se encontram nos seus versos rimas incolores, cómo migo, comigo, e a êsse migo, comigo opõe ora mandado, ora grado, ora trago, ora ambos. Peca portanto contra as leis do paralelismo. Em vista disso não admira que também repetidamente oposesse ao nome próprio Vigo... que menciona em tôdas as suas composições, menos uma, ora manho, ora sagrado, ora levado». Efectivamente na 1.ª cantiga, em lugar de Vigo, esperar-se-ia salido, que é o paralelo costumado a levado, como se pode ver na 760.ª do C. V. e na 3.ª do próprio Codax. Também na 2.ª se acha amigo, correspondendo a privado, em vez de válido, «o verdadeiro sinónimo de privado, usado nos Livros de Linhagens e nos Cancioneiros» (D. Carolina Michaëlis).

 

2

D. Carolina Michaëlis é pela manutenção da conjunção e, que __diz ela no referido artigo__ os trovadores gostavam de empregar antes e depois de exclamações (vid. C. A. v. 962).

 

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Aí diz êle: «Lo que puede afirmarse, sin duda alguna, es que las Melodias Codacianas son genuïnamente gallegas; tienen todo el sabor y el encanto de las que aún hoy dia podemos oír a nuestros campesinos y llevan en su entraña el quid musical de la raza, conservado hasta el presente, por lo visto, dada la comparacion que podemos hacer entre las actuales y las Codacianas del sylo XIII. La tonalidad es la misma, los giros melódicos iguales y las cadências del todo conformes con las de nuestros Alalás.» (Numa conversa que, na tarde de 31 de Agõsto de 1927, tive com o mesmo reverendo snr., há pouco falecido, confirmou-me êle o que escrevera em 1917. A sua qualidade de galego, pois era natural de Santiago, e o conhecimento especial que tinha da música e das cantigas populares davam-lhe autoridade mais que suficiente para falar do assunto). E Oviedo y Arce, no mesmo Boletin, a pág. 238 do n.º 117, exprime-se assim «Las Melodias Codacianas distinguense de las que hoy resuenam en las marinas o en los campos galaicos en la medida en que la lengua del antiguo juglar gallego se distingue de la que habla nuestro pueblo al presente. El arcaismo del habla de Codax es el mismo de su música. Las diferências morfológicas y sintáticas de la lengua antígua y nueva percibense igualmente en las viejas y nuevas melodias.»

Numa conferência, que, sôbre Trovadores e jograis galego-portugueses, fiz, em Junho de 1925, no salão do Teatro de S. Carlos e repeti depois, em Agõsto, no curso de Férias da Universidade de Coimbra, foram as cantigas codacianas cantadas com acompanhamento ao piano.

 

4

Dá exemplos do facto, na poesia espanhola, Menendez Pidal, a pág. 45 a 52 do seu El Romancero.

 

5

O snr. Sílvio Pellegrini, na sua crítica à minha edição das Cantigas d'amigo dos trovadores galego-portugueses, publicada no n.º 2 do vol. XIV do Archivum Romanicum, dando, a pág. 283 e seguintes, interpretação errada a expressões minhas (estas, por exemplo: «que elas foram decalcadas sôbre outras cantadas pelo povo; são puras imitações doutras que o povo cantava; as lindas cantigas que os trovadores galécio-portugueses punham na bôca das solteirinhas do seu tempo, sem dúvida à imitação doutras que elas cantavam» e outras equivalentes), nas quais afirmo que sobretudo os autores das paralelísticas, ao compô-las, seguiram modelos anteriores, provenientes naturalmente de outros poetas e que êles encontraram no povo do seu tempo, atribuí-me opinião que nunca tive, de que tais cantigas eram produto da nação inteira, tomada no seu conjunto.

 

6

Opusculos, vol. IV, pág. 1133.

 

7

D. Carolina Michaëlis de Vasconcelos, no artigo a que atrás me referi, alvitra que talvez o segundo nome do jogral fôsse não Codax, mas Codaz, como se lê numa glossa, incluída na cantiga, n.º 882 do Cancioneiro da Vaticana, que contudo não se acha no de Colocci-Brancuti, e explica êste nome como equivalente a «o que tem grandes cotos ou braços.» Note-se que o x e z finais, na antiga língua, tinham o mesmo valor; cf. a minha edição das Cantigas d'amigo, vol. I, pág. 364.

 

8

Informa Oviedo y Arco que as rias galegas no Codex Calixtinus e História Compostellana são denominadas maria Sanai Jacobi.

 

9

Segundo Oviedo y Arce, é esta a mesma que ainda lá existe, sob o nome de Santa Maria, e é conhecida vulgarmente pela Colegiada, a qual tendo sido românica a princípio, a quando da sua construção, que, parece, remonta ao século XII, foi depois substituída por outra gótica, que por sua vez cedeu o lugar à actual, em estilo neo-clássico. Do pequeno largo, sem dúvida mais ou menos correspondente ao sagrado do trovador, que lhe fica em frente e sobretudo do ou tro quási contíguo, mas em plano um pouco inferior, avista-se ainda hoje a baía, daí dizer a namorada do poeta que mirariam as ondas ela e as companheiras.

 

10

Sôbre esta denominação veja-se D. Carolina Michaëlis de Vasconcelos, Cancioneiro da Ajuda, II, pág. 893, n. 4.